quinta-feira, agosto 31

Re: A propósito

disse Helena Vaz da Silva, em 1984

"(...) perde-se em militância; ganha-se em exigência crítica; esgotam-se as tolerâncias; acabam os sentidos únicos. Mantém-se uma questão: como preservar um trilho de identidade, para além do que se proliferava em múltiplo? Como co-habitar (n)a pluralidade, quando sempre se vivera à medida dos modelos exclusivos? (...) O 25 de Abril traduz-se em euforia e depressão nos rumos da consciência de esquerda e provoca um desenlace previsível: a quebra dos laços de identidade e a procura de um ser-se outro."

A propósito

disse Robin Fior, em 1999

"Se tal como o antigo Presidente da Alemanha Federal, Theodor Heuss, disse, "a qualidade" pode ser caracterizada como "a sinceridade", em países com uma censura institucionalizada, como a que existiu no Portugal de há duas décadas atrás, a sinceridade do design gráfico (e não menos da literatura ou do cinema) tem de ser transmitida obliquamente ou elipticamente; assim no tipografismo (tal como na escrita) a necessidade de convidar o leitor — a ler nas entrelinhas foi uma constante. Com o fim da censura e a respectiva desmontagem do estado-polícia que a sustentou, os designers, tal como os escritores, tiveram de adaptar o seu discurso a uma sociedade aberta. E isto levou o seu tempo.
(...)
No entanto, a libertação da ditadura deixou um vazio que viria a ser preenchido pela busca duma identidade nacional autêntica — redescobrindo ou reinventando a história de Portugal, desembaraçando a teia das diferenças étnicas e culturais, que tinham estado escondidas atrás de um verniz espesso de ideologia nacionalista.
(...)
Temos, no entanto que reconhecer, que a reflexão sobre a identidade nacional tem sido interpretada por vezes literalmente, pelo uso de capas com brilho para reflectir a vaidade do cliente — ou a cara do designer.
(...)
Volvidos apenas pouco mais de trinta curtos anos desde a edição da Bíblia de Guttenberg, era impresso o primeiro incunábulo em Português, enquanto mediaram mais de treze longos anos no último quarto deste século, entre o lançamento do primeiro PC e a saída do primeiro programa de tratamento de texto em Português (europeu). Há vinte cinco anos, o director de uma agência de publicidade poderia informar que não havia mercado para tal, no sentido moderno (em contrapartida houve e ainda há, felizmente, bastantes mercados no país com verdadeira fruta e legumes, não normalizada, porém belíssima de se ver e ainda melhor de se saborear)."

terça-feira, agosto 29


by Schriftguss A.–G. vorm. Bruder Butter Dresden, Alemanha.
Representados em Portugal por Polonio Basto e Cª., Porto, catálogo de 1928.

segunda-feira, agosto 14



mês em que se apanha a pêra rocha...

terça-feira, agosto 8

Contexto – Ideologia – Forma

sábado, agosto 5

Prenda de anos (ponto)



"Porque, no fundo, eu confio que o mundo não possa ser ilógico, não possa estar mal organizado, que as coisas sucedem por qualquer motivo. Como quando chego ao fim de um cálculo matemático, se ele não dá certo, alguma asneira fiz pelo caminho– multipliquei mal, somei mal alguma fracção, alguma coisa fiz. E, portanto, se algo me sucede na vida que seja realmente mau, que atrapalha tudo– em alguma coisa errei na minha maneira de ser e só me convém e compete reflectir sobre isso para ver se para o futuro não faço nada semelhante, sempre achando que posso fazer, que não tenho imunidade nenhuma. Tenho que ser ao mesmo tempo um ser forte com a noção exacta da minha fragilidade. Isto é, querido amigo, no fim voltamos à nossa história do paradoxo."

Agostinho da Silva, 1985

sexta-feira, agosto 4

pelos caminhos de Portugal


depois de umas curtas férias... procuramos novos rumos.