domingo, junho 18

Porque admiramos!

"Um exemplo impressionante (da paralisação de toda a dinâmica do novo) porque geral: a ausência de intensidade na admiração, em Portugal ou, talvez mesmo, a falta de verdadeira admiração na relação com uma obra, um autor, um acontecimento. Se alguém exprime uma admiração desmedida, ou «excessiva», o seu entusiasmo é logo considerado suspeito. Como se aquela expressão levasse o sujeito admirativo a um nível superior intolerável. Ora precisamente, a admiração dá força, induz intensidades: por osmose, o admirador participa nas virtudes do admirado.
Por isso a admiração é quase sempre de fachada. Os portugueses não sabem admirar, porque não sabem perder a cabeça de admiração."

José Gil, 2004