domingo, junho 18

Sobre os discursos

O design sempre teve dificuldade em encontrar um discurso autónomo. Desde sempre, esteve, por um lado, demasiado preso aquele que seria o discurso das belas artes, e por outro, seguindo permissas funcionais e modernistas demasiado rígidas e moralistas. Mas, ao tentarmos fechar o discurso a um campo estritamente especializado, corremos também o risco de não conseguirmos comunicar e estabelecer laços de afectividade e comportamento com os não designers.
Assim sendo, produzir um discurso sobre a própria teoria do design, analisando-a ao longo dos últimos anos, é tentar compreender que questões são analisadas: serão questões meramente formalistas e técnicas? O que é importante para nós, enquanto produtores/construtores de objectos que interferem e alteram comportamentos? De que modo disciplinas como a semiologia, as ciências sociais e as teorias da comunicação estão ligadas a estes discursos?
Analisando a produção gráfica destes últimos anos, podemos também compreender de que forma a prática sempre esteve condicionada por um regime político promocional e de que modo existiu uma resistência (existe sempre) ao discurso dominante. Analisar a produção gráfica do Estado Novo é também compreender como a produção de imagens pode tornar-se perigosa quando se intromete no quotidiano para o transformar (formatar e alterar formas de pensar e agir).
Através das imagens selecionadas poderá ser possível reflectir a acção e produção de imagens que interferem com um real afectivo e que de algum modo foi marcante na experienciação daquilo que tomamos como património colectivo.