para o Bill 2
Querido Bill:
O que sinto por ti sempre foi uma relação de amor/ ódio, bem à maneira de todas as minhas grandes obsessões. Se fosses um livro serias um livro de Sebald. E eu gosto de Sebald.
Haviam dias em que te agradecia tudo o que sempre fizeste por mim. Dias em que tudo o que me dizias fazia sentido, mesmo que fosse para falar da tua ultima visita ao dentista, de novas tecnologias, de física ou matemática, de tipografia hebraica... Mas gostava disso, dos teus assuntos infindáveis para os quais ninguém tinha paciência. Eu às vezes tinha.
Tinha sempre esperança que tornasses a mudar os meus percursos e as minhas certezas... Fizeste-o algumas vezes e estou grata por isso.
Sempre gostei do teu sentido de humor, irónico e ácido. Gostava desse teu ar sabedor, experiente que contrastava com a minha inexperiência. Gostava quando me ensinavas coisas, quando me contavas histórias infindáveis. Às vezes até me esquecia que não gostava do teu cheiro (tu brincavas com isso e dizias que era melhor cheirar mal do que não ter cheiro). Sempre soubeste dizer as palavras certas nos momentos certos, eu, que não sou nada assim, sempre admirei essa capacidade nas pessoas.
Agora não sei bem quando te tornarei a ver, ou se alguma vez vou pensar de outra forma. A minha relação contigo sempre foi este vai e vem... e eu fui.
um beijinho grande