quarta-feira, julho 18

Isto não é nada disto!

Este blogue começou pela necessidade de actualização, rápida e mais ou menos constante, das nossas informações de dissertação final de curso. O nome deste blogue começou por ser uma brincadeira com a ideia de tese de licenciatura, que nunca chegaria a ser pensada como tal... Sempre ouvimos histórias da caça à tese plagiada na internet, por isso pareceu-nos divertido não enganar ninguém – o título esclarecia todas as dúvidas. Não haveria aqui material sério feito por especialistas numa qualquer universidade de referência. Esta seria uma forma prática para escrever, alterar informação, e assim, manter o contacto com os professores orientadores. Mais do que isso, este meio serviria o compromisso pessoal para que a tese fosse possível, numa altura que já estava em apuros.



Antes disto havia este cartaz feito há dois anos atrás (agora três anos atrás), propositadamente para a exposição de finalistas, a primeira, da ESAD de Caldas da Rainha. A exposição era representativa de todos os cursos da escola, do design gráfico e multimédia, às artes plásticas, o design industrial e cerâmico. Nessa altura, não eramos finalistas. Mas para ocupar algum espaço ainda sem destino, a mostra estendeu-se às turmas de quarto ano – uma contribuição – porque os alunos finalistas interessados e respectivos trabalhos eram poucos, visto que a maioria preocupava-se mais em arranjar emprego e desertar dali para fora.
O cartaz a expor (--->) deveria ser representativo da identidade gráfica individual de cada aluno/a. Perante um briefing deste género, foi inevitável perguntar: será que identidade gráfica neste pedido estará, com pudor, como sinónimo de estilo/corrente formal, aplicável como uma fórmula a qualquer trabalho independentemente do seu conteúdo, objectivo e contexto?...que o aluno designer tenderá a adoptar em projectos futuros?.. ou é o que se poderá esperar de cada designer/autor, um comprovativo ao mesmo tempo, que um compromisso?!.. auto-promoção?... como se transpõe para o ambiente de exposição um projecto de design gráfico, concebido para um tempo e lugar específicos distintos do que se apresenta?... e se o projecto a expor não existir para outro contexto que não o da exposição de finalistas, isto é, tratava-se de uma encomenda para a exposição.?...ou se calhar só tinhamos de fazer um logótipo e o estacionário para a nossa futura empresa..?!!! :-8#!"*
Porque depois de uma ano de trabalho de projectos conjuntos, qualquer que fosse a interpretação de identidade gráfica, e a sua configuração visual, ela seria partilhada e colaborativa. Com esta resposta quissemos provocar as noções de personalidade associadas normalmente a um tipo de design meramente ilustrativo.
O nome deste blogue é também uma referência a esse cartaz.

segunda-feira, julho 16

Hora do lanche

Na padaria do bairro já nos conhecem, a Ana Maria/empregada e a Dona Agostinha/patroa. Aos meninos/srs arquitectos já lhes adivinha as vontades, às meninas/bonecas não lhes conhece os gostos, mas deixa-as pensar porque elas são indecisas e têm.. muito tempo...
Os meninos não explicaram como ocupavam os dias, não desmentiram o pressuposto profissional, adiaram o desmentido. As meninas são bonecas antes de profissionais independentes.. arquitectas?! pode lá ser!. devem estar é aos telefones e a tomar nota recados..
O pão não é mau de todo mas a manteiga, nã, não é verdadeira!

terça-feira, julho 3

A cientificidade

A minha irmã tem um professor, médico, que costuma dizer aos alunos, sempre que eles arriscam teorizar alguma suspeita: Há evidência empírica que sustente essa afirmação? Há literatura sobre isso? Está escrito? Foi estudado? A amostra desse estudo é significativa?. Em casa ela repete o papel do professor, ou seja, sempre que eu chego a alguma conclusão precipitada, ela repete: tu inventas muito, estás a distorcer factos, tendes sempre para o exagero, não és rigorosa. Diz que não baseio as minhas informações em material científico.

Em design passa-se um bocadinho isto. Ainda outro dia ouvi um cliente perguntar: mas, há de facto, informação estudada que permita provar o que me acaba de dizer? ou trata-se da sua opinião pessoal?
Ora, uma das inúmeras razões porque a área científica nunca me entusiasmou, é precisamente a necessidade de prova constante, de procura da veracidade. Em design há coisas mais ou menos consensuais e mais ou menos estudadas, por exemplo, um cartaz tem maior impacto ao alto. Há, no entanto, uma regra ainda mais consensual: o design não é uma disciplina científica. Muitas das opções dos designers, muitos estudos e muitas conclusões, partem de questões tão subjectivas como o gosto pessoal, a intuição ou o bom senso.
Um amigo meu contou recentemente que, numa reunião com um arquitecto, quando lhe apresentava a paginação de um livro com uma grelha de composição 2:3, ele ficou espantado por tamanho rigor, a grelha foi a prova da cientificidade do seu trabalho. Perante estas provas de sabedoria, o trabalho foi facilmente aprovado, precisamente porque a justificação das escolhas passaria pelas regras que eram científicas.

Numa área dividida entre o rigor e a liberdade artística, provar que somos rigorosos é meio caminho para sermos levados a sério. Continuamos divididos entre o prestar provas de seriedade ao mesmo tempo que necessitamos de assumir as fragilidades da intuição e do risco.