quinta-feira, junho 22

O contexto

Um problema editorial: na actualização/ produção diária deste blogue, depois da ideia para o post e antes da sua publicação, têm existido momentos de dúvida. Publicar ou não publicar? Este nosso diário é temático, foi especificamente criado para apresentar o desenvolvimento de um trabalho de investigação, num âmbito escolar. Todos os artigos e imagens aqui apresentados são a matéria dessa pesquisa, mas nunca a sua conclusão. A matéria daqui é mais vezes informação e menos vezes crítica. Por agora, não por opção, mas porque não pode ser de outro modo. Dado o carácter intermédio destas matérias, em estado bruto têm a sobrevalorização da novidade e a sua rápida desactualização. Serão por enquanto várias peças sem conexão óbvia, com a facilidade de trato de quem desconhece ainda muito do que fala, (com a impetuosidade do meio e alguma ligeireza até). Esta informação deverá ser recebida como o passo-a-passo-para, por não ser definitiva.

Mas processos à parte, estas indecisões têm mais a ver com a publicação deste assunto do que outra coisa qualquer. O tema desta pesquisa, também ele ainda por circunscrever, encontra-se algures no Estado Novo, onde várias configurações visuais, serviram uma ideologia — através da propaganda nacional. A análise destas peças não podendo distanciar-se do contexto que as gerou, preocupa-se muito com formas, imagens, códigos visuais, grafismo, e dependendo deste para a sua extrapolação além estilo, pode em alguns casos aparecer descontextualizado. Pode? Podem as imagens e os discursos ser publicados em bruto e a nossa posição face a eles não aparecer esclarecida. Podem as imagens estilizar a época e ultrapassar conteúdos? Podem as imagens banalizar-se? Por isso esclarecemos aqui que o nosso trabalho trata de uma ditadura, que não partilhamos. A nossa pesquisa é de comunicação visual.

Vamos tentar evitar o mais possível situações dúbias.
Porque ao pesquisar na WWW encontramos a maioria das vezes, as fontes de discursos de António Ferro e Oliveira Salazar, as fontes da imagética da época, em sítios que as apresentam por aprovação e veneração, por quererem perpetuar e reviver esse tempo de fascismo e repressão. Perguntamo-nos a dada altura se o nosso blogue não poderia ser interpretado por outros como Nacionalista Renovador, defensor de bons valores e bons costumes e da pacatez e pequenez proclamada pelo Senhor Salazar.

Concerteza uma dúvida editorial, mas também uma questão que nos confronta, ao nível pessoal, em opções éticas, políticas e indertermina onde ficam os motivos mais racionais e mais emocionais.