A fotografia e a Exposição do Mundo Português
“ A Exposição do Mundo Português de 1940 pretendia ser, nas palavras do seu Comissário Geral, Augusto de Castro, a Cidade Simbólica da História de Portugal. Por outras palavras, optara-se por revisitar o Passado, aproveitando a oportunidade para exaltar também o Presente. Em 1940 a Guerra rugia lá fora, mas Portugal estava orgulhosamente em paz. O revivalismo continua. Fala-se da nova Ponte Vasco da Gama, quer-se um auditório Camões, há portas do Oriente em Centros Comerciais ditos Colombo.
A Exposição do Mundo Português era o padrão, o documentário, a síntese pela imagem d(a nossa) história. No discurso inaugural, o Comissário acentuava que não era só a primeira vez que se realizava uma Exposição de História, como também era a a primeira vez, no Mundo, que se exp(unha), em imagens e símbolos, uma Civilização. A linguagem era apropriada à época e ao regime que então se vivia. O resultado, porém, era algo esquizofrénico. O discurso podia ser tonitruante e passadista, mas o que se podia admirar na esplanada dos Jerónimos era também a fina-flor dum certo modernismo em Portugal – a arquitectura de Carlos Ramos e Cristino da Silva, a pintura e design decorativo de Almada Negreiros, Milly Possoz, Fred Kradolfer e Carlos Botelho, a escultura de Canto da Maia e Hein Semke, etc. A memória que resta disto tudo é a Fonte Luminosa e os Cavalos Marinhos da Praça do Império, mais a reconstrução sólida do Monumento das Descobertas, de Cotinelli Telmo e Leopoldo de Almeida (os originais eram de estafe, estuque e papelão).”
“A Exposição do Mundo Português era um gigantesco álbum de imagens, um livro colorido de glórias, de figuras, de datas e de costumes destinado, como todas as fotografias, a desbotar com o tempo. Quase sessenta anos passaram. Os que a viram, já cá não estão, ou mal se lembram. Para outros, o excesso de retórica nacionalista mais as conotações fascizantes do evento eram recordações para esquecer ou, quando muito, para conservar num limbo de vergonha. Há, em Portugal, a tendência para apagar uma parte da história, enquanto se aviva outra parte. O sabor do ‘politicamente correcto’ não é de hoje. Mas a verdade é que não é possível des-conhecer aquilo que se conhece.”
"O SPN publica em 1934 um álbum fotográfico, Portugal 1934, uma mostra das obras e realizações do Estado Novo. António Ferro inaugurava assim a utilizição da fotografia como instrumento privilegiado de propaganda do regime e chama para a elaboração do seu álbum alguns dos fotógrafos portugueses mais importantes da época: Alvão, J. Martins, O. Bobone, J. Benoliel, H. Novais e Mário Novais, entre outros.
Em 1938, Salazar denomina-o de 1940 (Álbum panorâmico da obra do Estado Novo).
Finalmente, previsto no plano de publicações de 1938 para as Comemorações, como um Catálogo Monumental, ilustrado, da Exposição do Mundo Português, mas só editado em 1956, O Mundo Português. Imagens de uma Exposição Histórica. 1940."
Textos do catálogo de exposição, Mário Novais. Exposição do Mundo Português (1940), Fundação Caloust Gulbenkian, Arquivo de Arte do Serviço de Belas Artes 1998.
3 Comments:
Amigo; espero que perdoemas gostando deste seu olhar pela Exposição do Mundo Português e as alusões que faz à Expo'98, tomei a liberdade de "linkar" esta matéria no texto que hoje publico no meu blog e que pretende contextualizar a ida à cena do "Auto das Rosas de Nossa Senhora" da autoria do poeta de Alte: Cândido Guerreiro -homenageadono meu texto.
Passe por lá e julgue você mesmo!
Obrigado!
Gostava de saber o significado da palavra "perdoemas" pois não encontro no dicionário, obrigado.
R.S.
Volto ao fim deste tempo para esclarecer que "perdoemas", não é mais que "perdoe mas..." escrito em teclado que tecla de espaço deficiente.
Congratulo-me com as visitas extra que o tópico produziu e terão sido proporcionais a valor das imagens obtidas no seu blog. Logo: amizade com amizade se paga e foi tudo em nome do saber pátrio.
cumprimentos!
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